domingo, 14 de novembro de 2010

ALÉTHEIA


ALÉTHEIA

 Bela palavra grega. 
Alétheia...A palavra "verdade".
Sua  representação intrínseca se desdobrava ao redor do cidadão grego em suas múltiplas manifestações de vida diária.
 Seus signos (tanto significante e significado) mundano e sagrado, remetia o homem ao começo dos tempos, ao mundo dos deuses e seus heróis.


Uma simples palavra, Alétheia, de conteúdo subjetivo e  inspirador no  mundo do  Aedo, poeta-artista  da Grécia antiga, cujo sentido exteriorizado exprime algo além de sua expressão literal, muito além, e se nos oferece pronta a ser decodificada por aquele que ousar desafiar seus segredos e seus sentidos ocultos mais recônditos.

Assim nos apresenta Aletheia: A palavra imbuída da VERDADE.

 Verdade essa fugidia, instintual, escorregadia e lasciva que parece nos pregar peças diárias ao nos esconder de nós mesmos.

O que quer Alétheia?

 Quer nos apresentar um amigo, um ser que nos habita e que recusamos a conhecer.
Um conhecido nosso tão desconhecido de nós mesmos: Nosso outro Eu.
 Esse outro EU sempre tão obscuro e impregnado de charadas.


É a Alétheia, Senhora da verdade do desejo, quem faz o cerimonial de apresentação entre esses dois sujeitos.
Nos chega revestida de máscaras, camuflada, dissimulada, distorcida e nos aproxima de nossa VERDADE fundamental.


Alétheia vive em um esconderijo secreto: O Inconsciente. E só aparece com muito esforço. Mas dá sinais, muitas vezes ignorados.
 Somente após percorrer um longo caminho de repetidos erros, sofrimentos, ela vem...

Assim como o Aedo grego, nos apossamos das palavras e seus sentidos simbólicos, sem contudo nos darmos conta do quão agressivamente elas também se apossam de nós.
 Eu sou o que Significo ou Significo o que sou?
 Muitas vezes acreditamos que somos o que falamos,o que verbalizamos através de nossas palavras, mas falamos mais do que pretensiosamente sonhamos ser.

 Quem o EU, Sou? 
O que o Eu, deseja?

É... A Alétheia  nos presenteia com gozos.
Mas somente para aqueles que ousam encará-la corajosamente à despeito de sua face amedrontadora. Nos empurra ao conflito, aos sintomas para que a arranquemos de onde está. Nos dá sinais, os quais necessitam serem decodificados...
 É um trilhar doloroso. Um caminho de intensa dor.
 E, paradoxalmente, de imensa liberdade.

A verdade jamais nos é dada!
Tudo o que é dado ou  oferecido de graça, não tem valor.
 O que de graça é oferecido, não nos movimenta, ao contrário, adormece e aplaca.

Alétheia precisa ser conquistada, seduzida.  
Há um valor agregado...
 É preciso luta para encontrar a verdade. É necessário revirar angústias, remexer nossos lixos pessoais, ir de encontro aos nossos erros mais profundos, pois é ali que encontraremos ALÉTHEIA!
Não a verdade como é entendida de maneira literal, mas A Alétheia que é uma espécie de aliança entre o ser-sujeito e o pensar, para rumar a um novo caminho interior.
Há gozos a serem trocados! Vale a pena percorrer esse caminho.

E o novo sujeito surge!






*Texto inspirado no Livro de Garcia Rosa "Aletheia".

Poema do Livro Laços R.D.Laing

 Livro Laços...

 

Poema do livro Laços, escrito pelo psicanalista R.D. Laing em 1969. 

Ele acha que ela o devora
com a sua exigência de que a devore

Duas pessoa que inicialmente
queriam devorar e ser devoradas
estão devorando e sendo devoradas

Ela é devorada por ele que é devorado pelo
devorador desejo dela de ser devorada por ele
Ele é devorado por ela que é devorada
por não ser por ele devorada

Ele é devorado
pelo medo de ser devorado
Ela é devorada
pelo desejo de ser devorada

Seu pavor de ser devorado
nasce de seu pavor de ser devorado pelo seu devorar
Seu desejo de ser devorada
nasce do seu pavor do desejo de devorar

R.D. Laing

ELES ESTÃO JOGANDO O JOGO DELES...




"Eles estão jogando o jogo deles.
Eles estão jogando de não jogar um jogo.
Se eu lhes mostrar que os vejo tal qual eles estão,
quebrarei as regras do seu jogo
e receberei a sua punição.
O que eu devo, pois,
é jogar o jogo deles,
o jogo de não ver o jogo que eles jogam..."



RONALD DAVID LAING: 

Nota Biográfica

Ronald David Laing, renomado e controvertido psiquiatra, conferencista e autor de vários livros, rebelou-se contra a psiquiatria ortodoxa e buscou um novo método de tratamento da loucura. Nasceu em Glasgow, Escócia, em 7 de outubro de 1927, e faleceu em 1989. Teve uma infância de sofrimento, por apanhar surras de seu pai, tormentos que superava refugiando-se em "um ponto no espaço sem qualquer dimensão"; então leu intensamente desde a Bíblia até os filósofos e cientistas de renome. Aos 14 anos, lendo Platão, sentiu despertar em si o interesse pela psicologia.
Após formar-se em medicina na Universidade de Glasgow em 1951, Laing serviu um período no exército e na sua prática convenceu-se de que um comportamento "maluco" pode ter um efeito salutar se for permitido o seu curso sem supressão por meio de drogas e choque elétrico..
Após um período como psiquiatra no exército britânico, Laing trabalhou no Royal Medical Hospital de Glasgow e lecionou no Deparatmento de Psicologia Médica da Universidade até 1956, quando submeteu-se a treinamento de Psicanálise no Tavistock Institute of Human Relations, em Londres.
Seu primeiro livro, The Divided Self ("O Eu dividido") foi completado em Tavistock em 1957 e publicado em 1960; o livro despertou as respostas contraditórias com que todos os seus livros foram depois recebidos nos meios científicos.
De 1962 a 1965 Laing empreendeu inúmeras experiências com uma nova abordagem da doença mental: a do existencialismo. Em Reason & Violence: A Decade of Sartre's Philosophy (1950-1960) ("Razão e violência, uma década da filosofia de Sartre"), de 1964, Laing analisa aspectos da filosofia de Jean-Paul Sartre contidos em Critique de la Raison Dialectique (1960) daquele filósofo. (A mesma obra contem comentários a outras obras de Sartre, feitos pelo autor principal D. G. Cooper). Nestes anos dirigiu a Langham Clinic, em Londres e começou também experimentos com drogas estimulantes do pensamento como meio de acelerar viagens transcendentais ao Eu interior. Ele e outros fundaram uma comunidade terapêutica em Kingsley Hall em Londres em 1965; a utópica clínica faliu cinco anos depois, mas centros semelhantes apareceram em vários pontos dentro e fora de Londres. Laing dedicou-se então à psicologia no seio das famílias, despertando grande interesse sua concepção de  Política da Família. No início da década de 70 estudou com mestres budistas e hindus em Ceilão, Índia e Japão, e fez conferências nos Estados Unidos. Faleceu em 23 de agosto de 1989 quando em férias em St. Tropez, França.
 Principais obras: The divided self, 1960; The politics of experience and the bird of paradise, 1967; Self and others, 1969; Knots, 1970; The Politics of Family, 1971; Reason & Violence: A Decade of Sartre's Philosophy (with D.G. Cooper), 1964; Do You Love Me?: An Entertainment in Conversation and Verse, 1976; Intervista sul folle e il saggio, 1979; The Voice of Experience, 1982; Wisdom, Madness and Folly: The Making of a Psychiatrist, 1985.
 Rubem Queiroz Cobra

Afinidades Complementares...

 entre Homens e Mulheres

Homens e mulheres são biológica e psicologicamente seres distintos e complementares!
Como são!

Sou mulher!
Adoro ser mulher.
Amo o meu sexo. Adoro minhas qualidades femininas.
Nasci para ser realmente mulher.
Sou a receptora, aquela que recebe e dá.
A anfitriã, a "mãe" (mesmo sem ter gerado uma vida), a amante, a acolhedora, aquela que ouve, que tem TPM, que tem crises hormonais, que é histérica dentro do seu conteúdo feminino. Que goza e que também menstrua todo mês ( E ama tudo isso pode acreditar)...
Que ama ser mulher.

Para as mulheres, genuínamente mulheres, é muito difícil não ser tratada como tal. Chego à dizer que é incômodo.

A mulher que sou, é antes de tudo humanista, o que significa um ser humano forte.
Mas o que me faz sentir tal força?
Sou uma mulher forte, justamente por conhecer minhas fragilidades.
Minha delicadeza me fortalece.
Muitos me acham "bem resolvida". Ainda hoje ouvi isso...
Disse apenas: "Sou uma mulher normal! ". Muito normal, por sinal.
E sorri.

E mulheres normais gostam de serem tratadas como o que de fato são:
Mulheres.

O homem demora séculos a se comprometer com alguma coisa (generalização talvez, mas em geral, é o que ocorre nas relações afetivas...)

A mulher, por sua vez, já nasce comprometida! Em sua grande maioria.
E se compromete naturalmente com a vida que supostamente intui e percebe crescer instintivamente através dela...dentro dela!
E, neste enfoque de vida, está também a vida do homem, de quem muitas cuidam com carinho, seja ele filho, irmão, pai, amigo, namorado, marido,amante.

Há HOMENS e homens, MULHERES e mulheres...
Vale lembrar que, ao final, somos todos seres humanos jogando por conta de defesas pessoais.

 Quando um homem canta uma mulher ou tenta seduzi-la mesmo brincando, significa que, naquele momento, ele a está vendo como mulher.
E, se nesta mesma conversa, num momento seguinte, fala do quanto a mulher que tem em casa (machismo talvez), é maravilhosa, (para ele é honestidade. Não deixa de ser...). 

Neste momento a está vendo como um objeto disponível ao seu desejo...

Ou talvez a esteja apenas confundindo com um de seus amigos, um amigo de bar, aquele irmão camarada-confidente em cuja mesa de sinuca,  dividem o mesmo taco...
A questão do desejo não se dispõe em censuras e as distorções ocorrem...
Podemos até gritar:
- Sou uma mulher! Não um objeto.

Mas se não houver consciência de tal atitude, tanto da parte da mulher quanto do homem, esses gritos não encontrarão eco verdadeiro...

Um HOMEM jamais se esquece que sua amiga é MULHER!
Jamais a tratará como um objeto!
Amizade entre homens e mulheres existe sim. 

Sempre haverá amizade onde habita sensibilidade e respeito aos limites do outro.

É interessante como ainda existem homens que separam as mulheres!
Se esquecem de ver seus próprios sentimentos refletidos em suas posturas inconscientes,direcionados à elas...sentimentos intensos, cristalizados... 

seja de desejo ou amizade, por essa mesma mulher que, sem querer, discriminam.
 E nem percebem que a discriminam!
 Não no sentido de preconceito, mas no sentido de ideal de macho mesmo perante a sociedade. E com isso, arriscam-se a passar boa parte de suas vidas empurrando para debaixo dos seus tapetes seus conflitos, sem se enxergarem neles.

 O mesmo ocorre com algumas mulheres que alimentam esse papel e muitas vezes até brigam por ele.
 Como alguns homens "separam" as mulheres?
 Alimentando no mental, um padrão social. Padrão este muitas vezes incentivado e aclamado pelas próprias mulheres.
No fundo, no fundo,  homens querem apenas ser aceitos, amados... como as mulheres também o querem... Querem apenas ser felizes.
Contudo, ainda assim, muitos preferem comodamente alguém que saiba posar bem para suas fotos. Engodo do Ego...

Alguém com a qual tirem uma foto bonita e com isso possam mostrar sua "projeção" de "Sucesso" ao seu pequeno núcleo social:
- Família, amigos, colegas de trabalho...

E quais são esses padrões de discriminações mentais sociais para alguns homens?
(Essas separações são voltadas para o externo, aceitação social).
 Para determinados homens existem "aquelas mulheres " que servem para sair só de vez em quando. Existe aquela mulher-amiga...
Existe aquela que só serve prá comer...
Aquela que pode ser a namorada porque os farão sentirem-se orgulhosos de si mesmos perante os amigos...
Aquela que é a parideira. Ah... essa serve prá casar porque será uma boa mãe!

Na verdade, homens que pensam assim, nunca passarão de meninos, porque se recusam a crescer. Querem ser eternamente nutridos por algo ou alguém ideal.
 

Muitos tornam-se galinhas e vivem buscando entre as pernas abertas das mulheres, o seu eterno aconchego, seu local de origem perdido.
Homens galinhas não passam de elos perdidos, e elos perdidos raramente valorizarão uma mulher...
Raramente!
Porque não compreendem seus sentimentos.

E meninos?
Meninos ainda não sabem reconhecer uma mulher de verdade quando se deparam com uma. 

Ainda são inseguros... e se perdem...

E o HOMEM?
Ah ... Esse sim sabe reconhecer o valor de uma MULHER!
Sabe que, ao respeitar a amiga, reconhecendo-a mulher e respeitando seus limites, jamais irá perdê-la como amiga e, quem sabe um dia, poderá vir a tê-la como mulher...
E, ao mesmo tempo, sabe que ao respeitar a mulher e valorizá-la como tal, terá para sempre ao seu lado uma amiga de verdade!