ALÉTHEIA
Bela palavra grega.
Alétheia...A palavra "verdade".
Sua representação intrínseca se desdobrava ao redor do cidadão grego em suas múltiplas manifestações de vida diária.
Alétheia...A palavra "verdade".
Sua representação intrínseca se desdobrava ao redor do cidadão grego em suas múltiplas manifestações de vida diária.
Seus signos (tanto significante e significado) mundano e sagrado, remetia o homem ao começo dos tempos, ao mundo dos deuses e seus heróis.
Uma simples palavra, Alétheia, de conteúdo subjetivo e inspirador no mundo do Aedo, poeta-artista da Grécia antiga, cujo sentido exteriorizado exprime algo além de sua expressão literal, muito além, e se nos oferece pronta a ser decodificada por aquele que ousar desafiar seus segredos e seus sentidos ocultos mais recônditos.
Assim nos apresenta Aletheia: A palavra imbuída da VERDADE.
Verdade essa fugidia, instintual, escorregadia e lasciva que parece nos pregar peças diárias ao nos esconder de nós mesmos.
O que quer Alétheia?
Quer nos apresentar um amigo, um ser que nos habita e que recusamos a conhecer.
Um conhecido nosso tão desconhecido de nós mesmos: Nosso outro Eu.
Esse outro EU sempre tão obscuro e impregnado de charadas.
É a Alétheia, Senhora da verdade do desejo, quem faz o cerimonial de apresentação entre esses dois sujeitos.
Nos chega revestida de máscaras, camuflada, dissimulada, distorcida e nos aproxima de nossa VERDADE fundamental.
Alétheia vive em um esconderijo secreto: O Inconsciente. E só aparece com muito esforço. Mas dá sinais, muitas vezes ignorados.
Somente após percorrer um longo caminho de repetidos erros, sofrimentos, ela vem...
Assim como o Aedo grego, nos apossamos das palavras e seus sentidos simbólicos, sem contudo nos darmos conta do quão agressivamente elas também se apossam de nós.
Eu sou o que Significo ou Significo o que sou?
Muitas vezes acreditamos que somos o que falamos,o que verbalizamos através de nossas palavras, mas falamos mais do que pretensiosamente sonhamos ser.
Quem o EU, Sou?
O que o Eu, deseja?
É... A Alétheia nos presenteia com gozos.
Mas somente para aqueles que ousam encará-la corajosamente à despeito de sua face amedrontadora. Nos empurra ao conflito, aos sintomas para que a arranquemos de onde está. Nos dá sinais, os quais necessitam serem decodificados...
Mas somente para aqueles que ousam encará-la corajosamente à despeito de sua face amedrontadora. Nos empurra ao conflito, aos sintomas para que a arranquemos de onde está. Nos dá sinais, os quais necessitam serem decodificados...
É um trilhar doloroso. Um caminho de intensa dor.
E, paradoxalmente, de imensa liberdade.
E, paradoxalmente, de imensa liberdade.
A verdade jamais nos é dada!
Tudo o que é dado ou oferecido de graça, não tem valor.
O que de graça é oferecido, não nos movimenta, ao contrário, adormece e aplaca.
Alétheia precisa ser conquistada, seduzida.
Há um valor agregado...
É preciso luta para encontrar a verdade. É necessário revirar angústias, remexer nossos lixos pessoais, ir de encontro aos nossos erros mais profundos, pois é ali que encontraremos ALÉTHEIA!
Não a verdade como é entendida de maneira literal, mas A Alétheia que é uma espécie de aliança entre o ser-sujeito e o pensar, para rumar a um novo caminho interior.
Há gozos a serem trocados! Vale a pena percorrer esse caminho.
E o novo sujeito surge!
*Texto inspirado no Livro de Garcia Rosa "Aletheia".